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Confidências de uma tocadora de piano

Música de fundo: tema do filme "O Piano"

sábado, janeiro 31, 2004

Mais um dia...

Lá fora, o nevoeiro esconde o céu. A chuva não para de cair à tanto tempo e, apesar de ainda só serem 15h50 da tarde, cada vez está mais escuro...

Oiço neste momento (só por acaso!) o Estudo opus 25 número 12 de Frederic Chopin, também chamado de “Ocean Etude”. É incrivel como hoje de manhã, num ensaio das 9h45 às 12h45 com outra aprendiz de piano, eu consegui tocar este estudo ao andamento que oiço nesta gravação que tenho. Talvez não tenha sido bem a este andamento, mas... talvez por milésimas de segundo não o tenha sido. Nunca tinha tocado assim tão rápido aquele estudo, mas sei que fui inspirada por já estar a tocar a algumas horas, por minutos antes ter tocado num piano duro e com as teclas pouco suaves e por, minutos antes, ter ouvido uma miúda sensacional a tocar muito rápido umas peças que lá tinha... Não foi só rápido, mas muito muito rápido mesmo! E ela que só tem uns 13 anos...
Agora ando a ensaiar com ela o Concertino para dois pianos de Schostakovich. É lindo! Mas muito raro de se encontrar...

Acho que, mesmo lentamente, tou a ultrapassar a minha crise pianística... Infelizmente já durou mais que um mês, mas uma professora sensacional e duas peças que me fazem entrar em mim (as duas que referi à pouco), a acrescentar de mais alguns pormenores como por exemplo essa rapariga com quem tenho tocado tanto, fazem-me sonhar e assim ultrapassar, pouco a pouco, a vontade indesejada de não tocar e de não me querer ouvir tocar...



O textozinho de que falei ontem foi um trabalho que a stora de português fez intenção de nos surpreender numa aula de sexta-feira às 8h30. Ela pretendia que comentassemos por escrito naquela hora a expressão “Ser descontente é ser homem”...

A expressão “ser descontente é ser homem” de Fernando Pessoa, assemelha-se a outras que ele escreveu como “triste de quem é feliz”. Eu concordo com ambas as expressões. Penso que uma pessoa feliz conforma-se com o que tem e já não procura ir mais além. Eu não desejo que todos sejamos pessoas descontentes, mas devemos ter consciência que precisamos de um sentido para viver, para nos sertirmos úteis e o facto de não estarmos felizes com o que temos, faz-nos lutar e sentirmo-nos vivos não por acaso, mas com sentido.
O termo homem pode ter mais de um significado. Neste caso, Pessoa refere-se àqueles que lutam e não desistem, que têm “músculos” para continuar a sonhar e a tentar até conseguir...
“Ser descontente” não é propriamente andarmos pelos cantos, melancólicos e cheios de lágrimas... É sim nunca estarmos satisfeitos com o que temos para, mesmo inconscientemente, puxarmos mais por nós próprios. Caso contrário seremos, como afirma Pessoa, mais um “cadáver adiado que procria”...

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Hoje, agora, sinto-me um bocado fria... fria... FRIA... alguem me entende??!

Quanto mais o tempo passa, mais sinto que o problema não é ter muitas horas de trabalho... mas sim ter muita coisa diferente no mesmo dia... O facto de, a cada hora que passa, tentar rever o passado de tantas aulas para conseguir relacionar a matéria dada com o presente... é demasiado para um dia só, mas... aqui estou... sobrevivo...

Talvez amanha ponha aqui um pequeno texto que recebi ontem a português... Nada de especial mais uma vez, mas... isto para dizer que penso actualizar meu blog amanha... sim, isto porque:

perdão por não conseguir actualizar o blog todos os dias!! Nem tão frequentemente quanto gostava... (isto para caso que haja alguém que tenha paciência para ler tudo o que escrevo...)...

Enfim... um abraço para ti que lês neste momento, e que chegastes ao fim deste pequeno texto...

terça-feira, janeiro 27, 2004

Se, por vezes, meus olhos gravassem em fotografia o que vêem...

Ao meu lado, na camioneta à ida para a outra escola, estava uma rapariguita novita. Com um ar extremamente exausto tirou de sua mochila um caderno A4 e, depois de procurar um lápis em seu estojo, começou a desenhar... de início pareciam só bolas... mas enquanto desenhava, intercalava suas linhas com algumas letras escritas em quadra. De vez em quando, quando a curva na estrada onde íamos era mais deitada, ela reparava que, de tão encolhida que estava, tinha tendência em “pendurar-se” em mim para escrever melhor. Eu nem me mexia! Também estava cansada, e não me incomodava, até porque o meu olhar fintava-se na janela, não no que se via pela janela, mas no que se via para lá de toda essa paisagem quotidiana, stressante e chata. Sim, chata! Por isso até eu me perdia. E quando dava conta, ela desencostava-se do meu braço com mais uma curva, que me fazia sentir que estava num lugar físico...

Quando dei por isso já tinha chegado à Póvoa... Virei um pouco os olhos em sentido contrário à “profunda” janela e, no meio de erros ortográficos e uma letrinha tremida (da camioneta), li a pequena frase, escrita separadamente por quatro linhas. Falava duma maneira subtil e inocente, o trágico último jogo de Feher. As palavras utilizadas eram extremamente simples, como por exemplo a expressão “falta de repiração”. Os seus desenhos condiziam com as características de suas palavras. Os bonecos, leves e tremidos, eram bolas e riscos... cada bonequinho tinha uma legenda apontada por uma seta dizendo “amigo”, “médico”, “jogador”...

Pedi-lhe licença, para me deixar passar. Num movimento de timidez levou seu caderno do colo ao peito, de forma a esconder o que fizera e desviou-se um bocadinho. Agradeci-lhe e saí da camioneta.


Isto e tantas outras cenas que me fizeram pensar, se têm sucedido... O problema é que na altura vejo, penso e interpreto. Procuro guardar para mim, mas à noite, depois de tanto cansaço, lembro-me só da moral das histórias, mas sem imagens...


Hoje foi a suposta última aula de Alberto Caeiro a Português. Ele, mais um heterónimo de Fernando Pessoa, que disse expressões como:

“o único sentido íntimo das cousas, é elas não terem sentido íntimo nenhum”

ou mesmo

“com filosofia não há árvores, há ideias apenas”

... fez-me pensar imenso. Ele, o poeta da natureza, que acreditava no que via, no que os sentidos lhe davam... mas não acreditava no pensar, como se pensar fosse o mesmo que sair da realidade... Será que hoje em dia não pensamos demais?!...



Agora chove. Não, não “vejo” a chuva a cair, mas oiço os tambores pequeninos a baterem... Está frio. Minha gata aquece-me, sentada ao meu colo, mas... à tanta coisa tão mais fria que este frio que se faz sentir...


Vou aproveitar a pouca luz que ainda há para ver, sentir e ouvir as teclas do meu piano, numa concordância musical com as gotinhas de água a soarem como tambores... :) Depois, deverei “fechar os olhos e dormir” (como dizia Caeiro num dos seus últimos poemas, mas com sentido contrário ao meu, claro).




É Noite
É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distância
Brilha a luz duma janela.
Vejo-a, e sinto-me humano dos pés à cabeça.
É curioso que toda a vida do indivíduo que ali mora, e que não sei quem é,
Atrai-me só por essa luz vista de longe.
Sem dúvida que a vida dele é real e ele tem cara, gestos, família e profissão.

Mas agora só me importa a luz da janela dele.
Apesar de a luz estar ali por ele a ter acendido,
A luz é a realidade imediata para mim.
Eu nunca passo para além da realidade imediata.
Para além da realidade imediata não há nada.
Se eu, de onde estou, só vejo aquela luz,
Em relação à distância onde estou há só aquela luz.
O homem e a família dele são reais do lado de lá da janela.
Eu estou do lado de cá, a uma grande distância.
A luz apagou-se.

Que me importa que o homem continue a existir?

(Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos)

domingo, janeiro 25, 2004

In The End... Linkin Park

I tried so hard
And got so far
But in the end
It doesn't even matter
I had to fall
To lose it all
But in the end
It doesn't even matter


Não tenho vontade de escrever hoje... minhas palavras não saem... o cansaço não é pouco... e as surpresas vêm sempre quando menos se espera... (por isso se chamam "surpresas"...).

Eu tentei... mas foi em vão...

sábado, janeiro 24, 2004

"Um coração, uma pessoa..."

O autor desta expressão tem um dom especial de escrita que ainda se encontra ligeiramente escondido... o segredo está em tornar cada palavrinha especial, assim como cada nota musical numa pauta... a falta de uma nota faz a diferença! Surgem logo problemas como a falta de uma nota na harmonia, ou a falta dum tempo no compasso, o que faria com que ficasse o compasso e a música descoordenada...

Minhas palavras são meros acasos...
Aliás, (quase) tudo o que acontece na vida são meros acasos...
Pergunto-me se, só por acaso, não passarão somente de "meros acasos"...

...a vida não é um jogo, onde podemos fazer pausa de vez em quando... e fazer "undo" ou algo do género...

...nós só saberemos se algo está certo ou errado depois de fazer...




(...)

"...n te preokupes "perder" jamais... isso te posso prometer...."

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Frase do dia: o segredo está em não tentarmos controlar a nossa vida, e deixar-nos levar...

Pois é... mais um dia complicado... e uma frase para fazer pensar...

A falar do inconsciente com alguém que não sabe quem é... Surgiu o pensamento "o segredo tá em n tentarmos controlar a nossa vida, e deixar-nos levar... (pelo nosso inconsciente...)"

Como já se sabe, falar é fácil... e muitas vezes, por amor aos que nos rodeiam, controlamos os nossos desejos, para não prejudicarmos ninguém mais senão nós mesmos...

Pergunto-me inúmeras vezes se será melhor deixar-me levar ou não... minhas palavras e meu coração dizem que sim... mas quando estão em jogo mais pessoas acho que o melhor é não ceder para o bem de várias pessoas...

Pensar assim fez-me perder coisas, ocasiões e pessoas preciosas na minha vida... mas pode ser que ... talvez um dia ... encontre a felicidade ... algures no cantinho do consciente de alguém...

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Frase do dia: "Só o ver já ajuda a fazer..."

Pois é... mais uma filosofia dos meus ensaios com uma (futura) célebre violinista... À quase um ano, deu-se o fenómeno da frase "a música só tem sentido quando se dá sentido à vida"... isto, quando estudavamos o segundo andamento do Concerto para Violino de Vivaldi... o qual ela tocou depois no seu exame de 5ºgrau e passou com uma boa nota :)

Hoje, estudavamos... o quê?!... Aquele maldito quarteto do Quantz, por coincidência, também estavamos no 2ºandamento!... Tu tavas a atrofiar com uma série de notas muito rápidas e seguidas, e eu disse-te para nunca te esqueceres de marcar o tempo forte... enfim, a pensar mais nas notas que nos tempos fortes, esquecias-te por vezes! E... de repente... nasceu a célebre frase... "é melhor marcares na partitura porque... só o ver já ajuda a fazer...!"

Clara, obrigado por teres tempo para tocar comigo... ;)

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Quero acreditar que posso ser feliz...
Quero acreditar que posso fazer feliz...
Quero acreditar que faço feliz...
Quero acreditar que a vida pode ser bela e... feliz!...

Eu quero acreditar... mas será que acredito mesmo??...

É como que um conflito pessoal... onde as palavras falam mais alto que o coração... e o coração, pequeno como é pela sua humildade, deixa ceder para não haver brigas...
Consequentemente, a pessoal e frequente pergunta "quem sou eu?"... Não sei... sei que jamais o saberei... e sei pelo menos que ainda vivo... e que deve haver uma razão para tal existência...

...

Talvez um dia, tu me saibas e possas dizer... "quem sou eu!"...

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Sombras do passado... A chave do sofrimento...

Tentei tocar piano mais uma vez... e mais uma vez não consegui... antes porque tinha medo de tocar nas teclas... hoje porque mais uma vez me começou a doer tanto a mão que perdi as forças... físicas e psicológicas... por acaso hoje de dia até nem me doeu, quando ensaiei com o grupo da escola de lisboa... o que corria pior era por exemplo o facto de combinarmos mudarmos de ritmo dentro de 3 vezes e eu não as conseguir contar... esquecia, perdia-me no tempo, na música.... perdia-me em mim...

Já não reajo por mim... Digo facilmente q perdôo e sinto q sim... mas as imagens, filmes, palavras, momentos... doem-me ainda. Procuro lutar contra eles, mas não consigo... Já consegui mas... minha solidão consegue vencer-me por horas a fio...

A chave... aquela chave que, apesar de no-la terem roubado e deixado nosso canto aberto,... trancou nossa desinibidade, nosso espaço...

Fujo, e fujo, e fujo...

... o telefone toca... é quem nos roubou essa chave...
...... continua a tocar...
............. e toca ...
............... mas...

terça-feira, janeiro 13, 2004

























Sim... está vazio...

...assim me sinto...

domingo, janeiro 11, 2004

Fotos...

Pois bem... ainda em contrução está o site

http://7mares.terravista.pt/musico007

com algumas surpresaszitas... ;)

Como o tempo voa!...

Sim... à dias que não actualizo o meu blog... E eu que nem dei conta de ser tanto tempo assim... :(

À pouco tive notícias de um senhor muito querido, muito boa pessoa... Sempre que ia a aldeia de meu pai, ele falava-me com uma simpatia extraordinária e, como pessoa de aldeia, ainda ficavamos alguns minutos falando, muitas vezes sobre a vida... Sempre que ia à fonte buscar água, passava por sua casa e lá o encontrava à janela a ver o tempo... Conversávamos tanto quando ia para a fonte como quando já vinha com o jarro cheio... Ultimamente já não andava bem. Parece que tinha caído dumas escadas e ficou com muitos problemas nas pernas... nos últimos tempos andava de moletas e ainda assim... Sua cara já não era a mesma... Aquele ar cansado da vida, um olhar fraterno tentando dizer sim à vida, sua boca falando que qualquer momento próximo deixaria a vida... E deixou mesmo esta quarta-feira... Para quem conhece Gouviães, a “aldeia dos músicos”, comunico tristemente que esse homem, que nos ficou no coração pela beleza da sua maneira de ser, era o Sr. Horácio...

Ontem, alguém do qual tive (e dalguma forma ainda tou) alguns bons meses afastada, depois de uma vida inteira sempre próximos, perguntou-me por um textozinho que fizera à uns tempos atrás. É datado de 28 de Outubro de 2001 e, apesar de já não estar actualizado, pô-lo-ei de seguida, não integralmente, a pedido dele...



O Silêncio da Luz


Estamos às portas de Novembro. Só hoje a hora mudou! Ao fim de semana costumo acordar por volta das 13 horas ou mesmo às 15 horas como foi à 8 dias atrás!! Mas hoje, por surpresa, levantei-me “cedo”!

Este domingo foi como tantos outros: de manhã fui à missa e à tarde não saí de casa. Estudei durante longas horas piano e escrevi uma carta (...).

Neste momento escrevo iluminada pela única luz do meu quarto: uma vela! Sinto-me bem. Estou deitada na minha cama e rodeada de quatro paredes cheias de coisas... Do que eu mais gosto de fazer é sonhar, e realmente gostava de ter um quarto só para mim e se possivel mais simples!... Nas prateleiras é só bonecos, “bibelôs” ou coisinhas de enfeitar. Duas das prateleiras só têm livros, os quais nem conheço na sua maioria. À minha frente encontro o órgão da minha irmã (que é mais velho que eu!) e por cima a janela que faz ligação com a varanda. Do lado oposto está a porta que nos leva à entrada. Neste momento está fechada. Gosto de sentir-me eu própria, procurar-me quem sou, onde estou, como sou... Agora olhei para a chama da vela e deparei-me como o seu medo. A cada relâmpago que cai aqui perto, ela estremece... e estremece... e estremece... Estamos as duas com medo desta trovoada assustadora... Está a chover torrencialmente, e não é decerto novidade que já haja algum lugar inundado algures por aí...

Meu pai chegou agora a casa. Está todo molhadinho e com o cabelo todo em pé!! Já lhe contei o que aconteceu: a história de ter faltado a luz (nessa altura estava sózinha... apanhei um cagaço!! Mas não lhe disse que a minha irmã tinha saído), contei-lhe da vizinha que tinha ficado presa no elevador (coitada, ainda é uma miúda... nem me quero imaginar fechada naquela máquina toda às escuras...!!). Também lhe falei da dificuldade que tive ao tentar fechar a persiana da varanda. Estava um vento tão forte, as cortinas não paravam de dançar e chocarem contra mim, o mesmo da chuva que era tanta e me impedia de abrir os olhos... Por fim consegui!...

É dificil o silêncio viver nesta casa... Não falo da bela e assustadora trovoada que me está a deixar assustada, mas do próprio barulho do Homem. Custa-me muito concentrar-me... é meu pai a chamar-me de um lado, a minha irmã a tropeçar na minha cama do outro, minha mãe com a televisão alta ou a trabalhar na cozinha (que é mesmo aqui ao lado do meu quarto)... Quando estou sozinha sinto-me tão diferente... Ao bocado, quando faltou a luz pela primeira vez, ouviram-se vários ruídos: aquela rapariga fechada no elevador a gritar e a bater na porta para ser acudida, as pessoas a deixarem cair as coisas ou a tropeçar nelas à procura das lanternas e isso... Mas depois de 2 ou 3 minutos, quando fui para a janela com a minha companheira vela, nasceu o silêncio!! Não se ouvia quase nada!! Os alarmes dos carros já se tinham calado e naquele momento era sómente eu, a vela e aquela tempestade que parecia não acabar...
(MT, 28Out2001)


Assim termino o meu blog de hoje... Confesso que tanta coisa mudou!... :( Mas só assim vivemos passagens diferentes na vida... sejam elas bonitas ou tristes...

Um apertado abraço para ti que tiveste paciência em ler as minhas irrelevantes palavras que já nada mais têm de vida...

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Triste de quem é feliz...

"Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raíz
Ter por vida a sepultura."


(Fernando Pessoa, Mensagem, excerto d'"O Quinto dos Impérios")

Para Pessoa, quem é feliz nada mais ambiciona... Triste daquele que se conforma, sem ter mais sonhos e sem querer ir mais além... Tal como ele disse um dia "é um cadáver adiado que procria"!...

terça-feira, janeiro 06, 2004

"(...) Mas tudo esquece tão cedo, tudo é tão cedo inacessivel..."

"Esta simples verdade de que estou vivo, (...) me implanta na vida necessariamente."

"Os astros, a Terra, esta sala, são uma realidade, existem, mas é através de mim que se instalam em vida: a minha morte é o nada de tudo."

(Vergílio Ferreira, Aparição)

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Impromptus

Uma folha branca olha para mim por momentos... Fico inibida, não sei que fazer. Tenho caneta na mão, mas cabeça fora do lugar. A folha branca insiste... Que fazer? Não tiro o pensamento de coisas tristes e esta folha pede-me incessantemente que a gaste mesmo com a minha melancolia. A meu ver é um desperdício... Esta folha podia ser alegre, ter palavras alegres e fazer rir quem a lê-se... No entanto, com suas linhas esboçou-me um sorriso, afirmando que seria mais alegre se me deixasse mais aliviada e consequentemente melhor...

Pois bem, encontro-me agora num lugar que para mim (e não só) é um sacrifício... Em silêncio oiço vozes de cada lado da roda dos ventos... Alguns gritos, conversas sobre o 3-1 do Sporting-Benfica de ontem, beijos coloridos por sons pouco inocentes... Jovens em grupos alegres, outros mais solitários... Oh não! O guincho esganiçado e agudo, quase tão mau como o despertador da manhã, assustou-me de novo! É hora de mais uma hora de martírio e paciência...

Porque será que passamos mais de metade da nossa vida a fazer exactamente o que não queremos?? E, estranhamente, para além de não termos tempo para nós, quando o temos já nem sabemos o que queremos/gostamos de fazer... Certamente não serei a única pessoa a interrogar-se assim... É triste saber que mesmo a um passo de nós está alguém que sofre muito, e nem damos por isso...

“Impromptus”, título muito utilizado na música. Para quem não sabe, significa improviso... o que se aplica a este texto singelo: sentada num banco da “escola” (à pouco não queria referir esta palavra, mas...) dialogo com uma folha - agora azul e branca - prestes a tornar-se mais uma daquelas folhas que ficam eternamente guardadas no cofrezinho do meu quarto, a fazer companhia às outras folhas secretas... “Improviso”!... Sim, porque não queria que este pedaço de papel tivesse só coisas tristes e como tal improviso um ou outro pensamento mais alegre ou uma visão não tão pessimista de algo (como foi à pouco ao falar do lugar onde me encontro... não fui assim tão má a descrevê-lo, pois não?!).

Hoje, exactamente à minutos, aconteceu algo bom! Uma stora muito fixe como pessoa deu-me uma ideia para o meu próximo artigo do jornal da escola oficial. Digamos que se baseou num programa que deu ontem na RTP 2 sobre os 300 anos da vida do piano e, por acaso, lembrou-se de mim! Eu não sabia desse programa (acontecimento tão invulgar na televisão portuguesa...) mas, por sorte, quando me ia deitar, escassos minutos após a meia-noite, recebi uma mensagem com o seguinte conteúdo “mete na tv 2”! (Brigado Espião:)). Confesso que aquele programa logo me cativou! Pena que não tenha apanhado o início e que estes programas só passem muito tarde porque apesar de ter que me levantar cedo hoje para o primeiro dia de aulas do 2ºperiodo, simplesmente não “descolei” do programa até ao fim (como quem diz 1h15 da manhã...). Foi lindo!! Tal como me disse um simpático rapaz no messenger, exactamente nessa noite, “(...) é espantoso como só um piano, por si só, consegue transmitir uma emoção assim (...)"... .

Acho que vai ser um artigo muito interessante... e bem que eu tou a precisar de me intimidar mais com o piano e de saber um pouco mais do seu passado para o compreender melhor... o mesmo acontece com as pessoas... é incrivel como há pessoas que mudam tanto!...

E assim esta folhinha querida - agora sim azul e branca, claro! - chega ao fim... realizada e alegre por sua teoria (de eu ficar melhorzita escrevendo nela) se confirmar... Despeço-me pedindo que dialoguem com uma folha sempre que puderem... vossas palavras serão mais ricas com a sabedoria dum simples papel e com a incógnita do seu passado...

domingo, janeiro 04, 2004

Felicidade...

O que une duas pessoas num abraço é todo o carinho que as envolve. Não é relevante se elas se amam pelo amor do fogo quente, ou somente pela sua amizade. É brilhante a sensação de saber que alguém se interessa pelo nosso bem estar e nós pela felicidade de alguém...

Quando amamos alguém, preokupa-nos qualquer movimento dessa pessoa. Passamos o dia a interrogar-nos como ela estará e quando desligamos o telefone depois de duas horas de conversa, ainda ficamos a perguntar se não faltou dizer mais nada... e se poderemos fazer algo amais para a deixar feliz...

Por vezes amamos tanto alguém que aguentamos ver essa pessoa com outra na sua vida, só por saber, pela sua boca e forma como reage, que ela é muito mais feliz assim que se fosse connosco ou outro ser qualquer... É desgastante, mas vivemos com um sentido: fazer “Alguém” feliz, seja qual fôr o preço...


Conta a história que um rapaz simples, brincalhão e romântico se apaixonara por uma comedida jovem, numa bela noite onde a lua lá do alto chegava para iluminar qualquer sentimento celestial...
A princípio tudo parecia imensamente fácil... Tinham acabado de se conhecer e a noite encarregara-se de tudo! Uma tarde inteirinha entre as pedras dum castelo plantado à beira de um rio e o calor dos dois juntinhos demonstrava suficientemente a duração prolongada que aquela aventura teria...

(...)

Infelizmente as coisas começaram muito depressa e depois de mais de dois anos de pura paixão profunda com seus altos e baixos, as coisas excederam o limite. (...) Alguns meses após tudo acabar “definitivamente”, ele foi pra longe, outro país... viver com outra... e a jovem ficou à espera, sonhando por pelo menos uma única amizade sincera que jamais chegou...

- És feliz? - perguntou ela numa troca de mensagens por telemóvel.
- Sim, sou muito feliz! Mas porque perguntas isso? - respondeu ele.
- Feliz de ti que estás, és e serás sempre feliz...

Felicidade incolor

Era uma vez uma chuva e um sol... Num dia ameno, conheceram-se e gostaram muito um do outro, eram tão diferentes!... Depressa surgiu um arco-íris tão belo que coloria a união do sol e da chuva. Eles sentiam que se completavam um ao outro e já não se queriam separar.

Um dia, as pessoas chatearam-se porque já não podiam ir para a rua apanhar o calorzinho do sol, sem que fossem molhadas pela chuva... O sol decidiu que era melhor não se encontrar mais com a chuva e ela não conseguiu ficar indiferente. Apercebeu-se de que era o que o sol realmente queria e que era o melhor para as pessoas que gostavam muito dele. Assim, a chuva aceitou a sua decisão. Rapidamente o arco-íris se tornou preto e branco porque já não havia felicidade entre os dois, e, lentamente, foi desaparecendo até morrer...

Hoje em dia, quando o sol e a chuva se cruzam outra vez, reaparece um colorido arco-íris, o qual mostra que o sol está feliz por fazer as pessoas que o amam alegres! E a chuva... que razão poderia ter ela para sentir felicidade?!... A chuva estava feliz somente porque o sol também estava feliz... e demonstrava sê-lo para sempre...



É possivel a chuva e o sol fazerem um arco-íris a preto e branco?
A cor é relativa aos olhos que vêem e ao coração que sente... e tu sentes-te muito só e “traída”... quase preferes não ver as cores... mas existem!
(Mee, novembro 2002)

sábado, janeiro 03, 2004

Quero...
Fugir por entre as extensas pautas de música
E descobrir as melodias que a vida tem para me dar,
Umas mais belas, outras mais tristes, outras sem sentido...

Gostava...
De passar facilmente cada obstáculo da vida
Como se passa por uma barra de compasso,
Cada uma a seu ritmo...

Um sonho...
Conseguir tocar uma peça, sem nunca me enganar...
Mas na vida há de tudo e acabamos frequentemente por errar.

Na maior parte das vezes quando nos enganamos
A música sôa mal no ouvido,
Mas na vida sôa sempre mal no coração
E acabamos sempre por magoar as pessoas mais queridas...

Pensa!
A música é das tuas melhores amigas...
Sempre que quiseres um conselho, fala com ela
E no teu ouvido escutarás palavras, respostas... em forma de sentimentos...

Não te esqueças:
Há notas que não soam bem na música...
Outras simplesmente ficam bem...
Mas algumas dão um toque especial e único...
Acim são os nossos amigos:
Uns passam por nós e não deixam nada...
Outros, ao passarem por nós deixam muito...
E há ainda outros que nõa passam... ficam!!

sexta-feira, janeiro 02, 2004

Começar de novo

Não é fácil começar... Sobretudo quando não se sabe como tudo acabou... No entanto tudo fica marcado para sempre na memória. Lentamente, minhas palavras procurarão desenhar as fotografias vividas (fotografia, pelo que li à dias, é todo o momento que se torna irreparavelmente eterno...). Não procuro fazer adormecer alguém, muito menos fazer um Diário à "Bridget Jones"... Talvez "Partilhar para fazer pensar" seja a expressão mais adequada...

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