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Confidências de uma tocadora de piano

Música de fundo: tema do filme "O Piano"

quarta-feira, junho 30, 2004

A solo, com um piano...

Para se ser o sentido real do conceito "pianista", são necessárias várias horas de "solidão" física humanamente. Horas a fio exclusivamente integradas num mundo diferente, único... Onde só a técnica e a expressibidade musical são a água e o pão que me fazem continuar a viver...

Para tantas pessoas chama-se solidão... para mim, é o único momento consciente (ou talvez não...), onde encontro resposta para a interrogação constante de "quem sou eu" e, simplesmente, me sinto eu mesma... longe e perto dos meus desejos...
...longe e perto dos meus sentimentos...

segunda-feira, junho 28, 2004

Nada mais...

Aqui, no lugar do tempo, percorro o que não vejo e sinto o que me tocas.

Não falo, não choro, não existo. Sinto apenas a dor que envolve toda a musicalidade morta, depois de uma fantasia interrompida.

Nada mais, não quero nada mais... Anseio somente pelo consumar de uma última cadência... não mais repetições, não mais ralentandos... apenas um último toque numa tecla para sempre abatida...

Para quem não sabe de mim...

O acumular dos trabalhos...

Nem sei o que dizer, perdoem-me somente por já não dar notícias ou simplesmente ter desaparecido do mapa... porque desapareci mesmo...

Quero somente dar a melhor e das únicas boas notícias das últimas semanas: a Isa já realizou a sua prova de passagem de piano. Foi um dos momentos em que maior receio senti. Eu sabia que ela estava preparada e sabia que merecia um boa nota, para além de que eu ia tocar com ela na prova o Concertino para 2 pianos de Shostakovich e a qualquer momento podia atrapalhá-la e estragar-lhe a prova. Queria que tudo lhe corresse bem, e ela conseguiu. Felizmente, acabou a prova de piano com 19 valores (de 0 a 20) e com um grande abraço da nossa stora de piano.

Entretanto, o repertório que estou a pensar tocar na prova de piano em Janeiro para o ano promete... ainda estou na dúvida entre duas sonatas de Beethoven (entre a nº5 ou a nº8-Patética) mas o tempo... o tempo... a distância... o hábito... e o apetite pela solidão...

sexta-feira, junho 25, 2004

...fresco universo, ainda escuro...

Eu não sei, não sinto.
Não vejo e não oiço.

Sou simplesmente eu quando o tempo não existe,
e através do ininteligível, toco piano com uma definição improvisada.

Não, não improviso... mas sempre que toco, toco diferente, porque todos os dias diferente estou. Todos os dias vivo o que não desejo, e o que desejo viver nem lhe toco...

O toque mais subtil nas teclas de um piano, é a dor fina de uma música incerta... incerta como a vida... incerta como eu...

sexta-feira, junho 18, 2004

Estranho...

Acordei numa aula de piano, depois de um dia a dormir, e descobri-me. Não foi fácil, mas o choque foi positivo.

Estes últimos meses, em que ganhei forças e condições para voltar a tocar piano como dantes, toquei duas peças que me faziam tocar fortíssimo, "fff", como dizemos musicalmente. Visivelmente, é andarmos aos saltos em cima do banco enquanto nos atiramos para cima do teclado a tentar dar o mais forte possivel!!!

Isso acontece-me imenso no Estudo nr12 op25 de Chopin e no Concertino para dois pianos de Shostakovich (não me refiro directamente aos saltos, mas ao "fff"). Os varios climax's destas duas peças são excelentes, e eu deixo-me levar sem sentir a gravidade ou o espaço que envolve os movimentos presentes...

Acho que desaluviei muita raiva que sentia... de coisas que sempre perdoei, como típico da minha personalidade, mas continuavam a remoer-me contra a minha vontade, sem que mais alguém apercebesse. Tirei de mim o que me desconsolava e frequentemente me distorcia... a raiva que não admitia...

Graças a minha stora de piano, aprendi a cuidar de mim qd tiver em baixo e sozinha. Ela, por varias vezes repetiu que devia descobrir a forma de me curar através do piano, de curar akele problema horrivel nos braços q tive... só eu podia descobrir isso.....

Não sou feliz, mas sinto uma harmonia estranha em mim... como se tivesse asas no consciente e através de movimentos impensáveis, pudesse tar finalmente bem cmg mesma... finalmente descobri algo do que sou...

Defino-me agora, não por palavras, mas pela música que toco. Já sei parte do que sou... e saberei, sempre que puder estar sozinha numa sala com um piano e com a possibilidade de tocar.......
e deixar-me levar.......

domingo, junho 13, 2004

"Everybody's fool"...

Como conseguimos produzir uma especie de agua mais transparente e brilhante q qq uma, assim do nada??.....

Enquanto toco piano, algo luta para que eu pare... A minha visão desfoca-me qualquer tecla, mas meu ouvido permanece atento à sensibilidade de algo que já não existe.

Fecho os olhos para que consiga continuar... ...continuar a tocar sem parar... mas quando dou por isso as teclas estão molhadas e eu sou somente uma tocadora de piano num lago de teclas escorregando pela música que habilmente me irrealiza.

Irresistente, deixo fugir as minhas pautas de música, atirando inconscientemente a minha cabeça contra a estante do piano e, fechando a tampa do teclado desejo a barra final de compasso que pôe termo definitivo à minha insignificante música.

quinta-feira, junho 10, 2004

Dido e Eneias de Henry Purcell (1659-1695)

13 de Junho de 2004, Domingo, às 21h30
Centro Cultural da Malaposta


Elenco:
Dido - Leila Moreso
Eneias - João Pais
Belinda - Andreia Carreira
Segunda Mulher - Margarida Silva
Feiticeira - Esmeralda Pereira
1ª Bruxa - Alexandra Ávila
2ª Bruxa - Vera Vieira
Marinheiro - Victor Fonseca
Espírito - Joana Cardoso

Participação:
Coro de Câmara D. Dinis
Ensemble Instrumental
Cravo: Ana Monteiro


Direcção Musical: Margarida Marecos
Encenação: Jorge Estrela
Desenho de Luzes: Paulo Gomes
Mestre Maquinista: José Manuel Rodrigues
Ajudante Maquinista: Diogo Sousa
Técnico de som: João Félix


Bilhetes: 1€

Informações e Reservas:
www.odivelcultur.com/malaposta.htm
Tel: 219383100
Centro Cultural Malaposta
Rua Angola, Olival Basto
2620-492 Odivelas

sábado, junho 05, 2004

Eu vou!

Confesso... alguma alegria...

15 dias no norte de Portugal, nomeadamente Viana do Castelo, num ambiente intensivamente musical são das melhores férias q poderia ter neste momento, a acrescentar com algum tempo para mim.

Basicamente, salas com pianos para tocarmos todos os dias, master classes com grandes musicos mundiais (o grande pianista Vladimir Viardo vai lá estar!!!!), audições/concertos todos os dias dos alunos num café,uma pequena livraria musical.....

Para mais informações ver Festival Internacional de Música de Viana do Castelo (inscrições ainda abertas).

Enfim, algo simples que, por momentos, me deixou longe do que me destrói...

quarta-feira, junho 02, 2004

Não, já não existo... mas penso, e toco sem pensar.

___Algo em mim se eleva para o escondido, e tudo mais é inexplicavelmente inexplicável.

___A vontade, atulhando-se até ao estado de descontrolo, faz-me sonhar... Sonhar com a minha cor musical (como eu lhe chamo). É a cor característica de cada pessoa que toca um instrumento. Tal como quando atendemos o telefone e ouvindo somente o “está lá?” ou “quem é?” reconhecemos espontaneamente a voz do lado de lá... Musicalmente chamamos “cor” ou também “timbre” quando é relativo a diferentes instrumentos...

___Infelizmente, desta vez, já não me defronto com o obstáculo “distância” como sempre, mas com o “tempo” (para parar em casa e conseguir tocar)...

___Enfim... sempre há alguma coisa testando a nossa capacidade de paciência para com a nossa "estabilidade pessoal", isto, para evitar o termo de “felicidade”.

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